Sobre a Psicanálise
Com a ajuda do método da associação livre e da técnica associada da interpretação, a Psicanálise … conduziu a uma atitude completamente nova e a uma nova escala de valores no pensamento científico.
– Sigmund Freud
O que é?
A Psicanálise é uma modalidade de terapia psíquica, mas constitui também uma teoria científica da mente humana e uma atividade científica de investigação clínica.
A Psicanálise constitui ainda um modo de perspetivar os fenómenos culturais e sociais como a literatura, a arte, os filmes, o teatro, a política e os grupos.
A Psicanálise foi fundada por Sigmund Freud entre 1885 e 1939, mas nos dias de hoje continua ainda a ser desenvolvida por todo o mundo, sendo aplicada de variadas formas.
Consequentemente, hoje em dia existem vários métodos de tratamento psicanalítico, nomeadamente para adultos, adolescentes, crianças, famílias, pais, casais conjugais, grupos terapêuticos e contextos sociais.
Em que consiste?
A Psicanálise, como terapia, diferencia-se de outras modalidades psicoterapêuticas pela profundidade da sua intervenção e pelo recurso ao método da Associação Livre e à técnica associada da Interpretação.
A Psicanálise possibilita a retoma do desenvolvimento psíquico, muitas vezes bloqueado, e a reconstrução da vida mental.
Como se inicia?
Um tratamento psicanalítico só deve ser iniciado após uma Avaliação Psicológica cuidadosa, no sentido de clarificar as capacidades e dificuldades da pessoa e explorar a modalidade terapêutica mais adequada à sua situação.
É credível?
A formação de um psicanalista exige um treino longo e rigoroso. A sólida formação teórica é complementada por uma experiência de análise pessoal (Psicanálise Pessoal) e por uma prática clínica realizada sob a supervisão de profissionais mais experientes (Supervisão de Casos Clínicos).
A Psicanálise envolve trabalho intensivo, dedicação e paciência. A tarefa principal dos psicanalistas consiste em melhorar o mundo interior dos seus analisandos, no espaço privado dos seus consultórios, através de métodos de natureza reflexiva e criativa. Por outro lado, a Psicanálise requer também um comprometimento importante por parte dos analisandos, principalmente em termos de tempo e energia.
Como surgiu?
A Psicanálise foi criada e desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX / início do século XX, mas tem vindo progressivamente a evoluir e a ampliar o seu campo de aplicação.
Atualmente, para além da abordagem da pessoa, na sua individualidade (Psicanálise Pessoal), a Psicanálise abrange os relacionamentos mais significativos / íntimos da pessoa (Psicanálise do Casal e da Família) e, ainda, a sua vida em sociedade (Mente Política: o papel do inconsciente na vida política e social).
É dispendioso?
As exigências da sociedade contemporânea conduziram ao desenvolvimento de terapias psicanalíticas mais reduzidas e económicas do que a Psicanálise, embora menos intensivas e profundas.
São as designadas Psicoterapias Psicanalíticas que assumem diversas modalidades, consoante as necessidades e objetivos a atingir.
Como tem evoluído?
Nas últimas décadas a Psicanálise tem sido alvo de progressos científicos assinaláveis, verificando-se múltiplos contributos de relevância internacional no âmbito da International Psychoanalytical Association.
Por outro lado, avanços científicos na Neurociência e na Medicina do Comportamento demonstraram que, à semelhança de muitas doenças físicas, as perturbações mentais e comportamentais resultam de uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Mais recentemente, importantes investigações e descobertas científicas na área das neurociências vieram, finalmente, confirmar a relevância da Psicanálise e fornecer evidência significativa e crescente sobre a sua eficácia no tratamento das perturbações psicológicas.
A investigação científica nas neurociências forneceu uma base orgânica estrutural e neurofisiológica à teoria e prática psicanalítica. Clarificou-se e comprovou-se a influência recíproca entre a vida psicológica, emocional e comportamental e o campo biológico e cerebral. Igualmente, as investigações nas neurociências vieram demonstrar, de uma forma muito objetiva, os efeitos das mudanças provocadas pelos processos psicoterapêuticos ao nível da neurofisiologia e biologia cerebral.
A título ilustrativo, conseguiu provar-se que crianças sujeitas a um quadro traumático de maus tratos apuram e desenvolvem determinados mecanismos de alerta, acompanhados de desenvolvimentos e funcionamentos cerebrais específicos, situação que pode ser alterada através de tratamentos psicoterapêuticos, que possibilitam a recuperação de um padrão cerebral mais adequado.